Manifestações Culturais
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Publicado em 29/10/2013 15:05 - Atualizado em 08/11/2013 14:37
Guardas de Congos Nossa Senhora do Rosário
Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário Vila Santa Rosa. Foto: Albany Jr Dias
As primeiras irmandades de Nossa Senhora do Rosário de que temos notícia surgiram na Alemanha, a partir do ano de 1409, e serviram de modelo para inúmeras outras que surgiram em diversos países da Europa. Através da ação missionária, em 1526, surge a primeira irmandade de Nossa Senhora do Rosário no continente africano.
Há registro da presença de Confrarias de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Portugal desde 1520, com reinados e danças. No Brasil, em 1552, surge em Pernambuco uma irmandade do Rosário de escravos oriundos de Guiné, a partir daí se expandiram por todo o país.
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, no fim do século XVII, um grande contingente de escravos africanos foram chegando, e a irmandade de Nossa Senhora do Rosário encontrou no território do ouro solo fértil para seu florescimento. Como tática, a coroa portuguesa tratou de estimular a organização de irmandades a fim de, com elas e através delas, transferir ao próprio povo encargos diversos, dispendiosos, como a construção e manutenção de templos e cemitérios. A população, por sua vez, encontrava nessas irmandades uma estrutura eficiente e legal, uma forma orgânica para expandir suas necessidades ou reinvidicações coletivas,funcionando como autênticos organismos sociais.
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Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário - Sagrada Família. Foto: Guilherme Bergamini
Através da ação missionária no continente africano muitos negros já conheciam Nossa Senhora do Rosário, elegendo-a como padroeira. Outros a conheceram quando passaram por, Portugal, chegando ao Brasil com esse referencial. Houve uma pronta identificação entre o Rosário de Nossa Senhora e o rosário africano usado nas consultas ao Orixá Ifá. A Coroa Portuguesa oferecia o modelo dos estatutos para a criação das irmandades e era ela mesma que dava a aprovação final para a sua existência e funcionamento. Espertamente, a Coroa apropriou-se de elementos da cultura tribal dos escravos introduzindo-os nos estatutos das corporações, como nessa passagem: “Haverá nesta Irmandade um Rzei e uma Rainha, ambos pretos, de qualquer nação que sejam, os quais serão eleitos todos os anos em sua mesa a mais votos, e serão obrigados a assistir com o seu Estado às festividades e mais santos, acompanhando no último dia a procissão do Pálio”. Com a coroação de reis e rainhas, sob a denominação de reis congos, impulsionavam a cultura religiosa colonial aquietando e disciplinando a escravaria.
A devoção dos escravos africanos e de seus descendentes não ficou restrita a Nossa Senhora do Rosário, devotavam também, entre outros, São Benedito e Santa Efigênia.
Os Reinados são acompanhados por seus Estados ou Guardas, no caso de Nova Era, ele era composto por duas Guardas de Congo, uma de raízes tradicionais e outra surgida na Vila Santa Rosa que, no dia 6 de outubro de 1985, emancipou-se, coroando seus próprios Rei e Rainha Conga.
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Nova Era
A mais antiga referência dessa devoção em Nova Era está na Igreja Matriz de São José da Lagoa. Trata-se do retábulo colateral do lado direito (do evangelho), ocupado pela Virgem do Rosário em seu trono, como titular, e ladeada por São Benedito e Santa Efigênia. E uma evidência de que o culto a Nossa Senhora do Rosário foi introduzido aqui nos primórdios de São José da Lagoa (séc. XVIII). Era comum às irmandades que não tinham suas próprias capelas construírem seus retábulos em capelas existentes, com direito a sacrário e à realização de suas celebrações litúrgicas.
Altar Colateral Igreja Matriz São José da Lagoa. Acervo Departamento de Cultura e Turismo, Nova Era MG
Até as primeiras décadas do século XX era nessa igreja e no seu largo que aconteciam todas as celebrações da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Depois foi construída, no bairro Centenário, a Igreja do Rosário, para a qual foram transferidas as festividades.
Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Rua do Comércio (Onde hoje é a sede da Caixa Econômica -Rua Governador Valadares) - Década de 20
Quase nada sabemos sobre a história da capela da Irmandade que fora edificada na rua do Comércio (rua Gov, Valadares), no século XIX. Sua demolição foi autorizada pela Cúria de Mariana em 10 de maio de 1925, porém os documentos consultados não mencionam a demolição. É pela oralidade preservada que se percebe que foi posterior a essa data, e que todo seu material foi aproveitado na construção do novo templo e todos os bens foram apropriados, decretando o encerramento de um período da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
A mais antiga menção escrita encontrada até o momento é um registro de óbito da Paróquia de São José da Lagoa. Encontra-se no livro n°1, página 2: “Aos 16 de junho de 1849, sepultou dentro desta Matriz à Maria Eulália, filha de José Vicente da Silva, foi sepultada em Huma sepultura do Rosário que a Rosa, escrava de José Francisco que a hi tinha, por ter sido Rainha de Nossa Senhora do Rosário, de idade de 40 anos”. Além deste registro, existem alguns documentos datados dos últimos decênios do século XIX e do início do século XX.
O registro de óbito transcrito acima, datado de 1849, ao referir- se a uma “sepultura do Rosário, que a, escrava de José Francisco que a hi tinha, por ter sido Rainha de Nossa Senhora do Rosário”, nos permite projetar uma ascendência mínima de 20 anos na cronologia referencial da existência do reinado.
O local da referida sepultura, certamente, deve ser em frente do retábulo da Irmandade. Apesar da falta de detalhes, Maria Eulália deveria ter algum vínculo com a Irmandade e, com certeza, era negra.
O Reinado em Nova Era é composto por Reis Congos, cargo vitalício; vice-reis, Rei de São Benedito com seu respectivo vice, Rainha de Santa Efigênia com sua respectiva vice, 1º e 2° Marechais de Minas Gerais, Príncipes e Princesas, Guarda de honra dos reis, Reis festeiros ou Rei de Promessa, coroados anualmente, Bandeireira ou Alferes da Bandeira Guia. A Guarda ou Estado do Reinado é composta por 2 Capitães Regentes, Capitão Mestre, Instrumentistas e Dançantes, Guardas de fila, Guardas de trânsito e Bombeiros (que carregam água para a guarda). E ainda as Rainhas de promessa. E uma diretoria que formaliza juridicamente a irmandade.
A hierarquia do Reinado, como é próprio dos fenômenos culturais, vem sofrendo, de cidade em cidade, transformações através do tempo. Aqui em nossa região, por exemplo, em Rio Piracicaba, foi criado o cargo vitalício de Marechal (ocupado pelo célebre senhor José Niciolau) e recentemente foi criado o cargo de 2° Marechal (ocupado por Juarez Damiano, membro da Guarda de Nova Era). Desapareceram os Caixeiros, que tinham a função de anunciar as festas; estão desaparecendo as Juizas e outros cargos, mas outros vão sendo criados e novos elementos são incorporados.
Um elemento incorporado, de forma autônoma, à Guarda local é o Pau-de-fita, trazido pelos portugueses e popularizou em várias partes do país com denominações diversas.
A festa em nossa cidade se inicia com a novena, que termina no último Sábado do mês de outubro. Com a procissão da Bandeira, que é conduzida por sua madrinha, e levantamento festivo do Mastro, no adro da Igreja do Rosário, cerimônia que é coordenada pelo Alferes do mastro.
No Domingo a culminância: Alvorada e café-da-manhã ( café de promessa) na sede da Irmandade, para as Guardas da Cidade e as Guardas Visitadoras (que vêm ajudar a fazer a festa, segundo dizem). Em seguida, o cortejo até a Igreja de São Caetano que permanece com as portas fechadas até a concentração de todos os Reinados com suas respectivas Guardas em seu adro. Às 10 horas inicia-se o ritual para a abertura das portas e todos entram festivamente para a celebração da Missa Conga. No término desta, com a intervenção do celebrante, procede-se à “troca de coroas”: dos Reis Festeiros do ano para os Reis do próximo. E mais uma série de rituais até a bênção final.
Novamente saem em cortejo para o grande almoço. Após o qual, agradecimentos das Guardas, através de cantos e coreografias próprios. Mais uma vez saem em cortejo, agora rumo à capela da Sagrada Família.
Às 16:00 h, o cortejo conduz, em procissão, a imagem de Nossa Senhora do Rosário até sua Igreja, no bairro Centenário, encenando a festa com a solene bênção do Santíssimo Sacramento e despedida das Guardas Visitantes.
O Centenário
O centenário do Reinado de Nossa Senhora do Rosário de Nova Era, que foi comemorado festivamente em 1986, se baseou em uma referência da tradição oral, através da Rainha Conga D. Maria Francisca dos Santos, popularmente conhecida como Dona Mariazinha. Ela era dotada de uma força verbal, dona de um discurso mítico recheado de referências históricas, lendas e “causos” perdidos no tempo e no espaço. Com sua liderança arquétipa de Rainha Ginga de Angola, com o apoio de seus filhos e amigos, ela muito contribuiu para a permanência de nosso Reinado e de seu patrimônio oral. Foi uma personalidade forte em nossa comunidade.
Corporação Musical Euterpe Lagoana
Origem
No período colonial deste país houve atividades artístico-musicais de grande valor. Eram comuns pequenos agrupamentos musicais, geralmente formados por escravos ou negros livres. No auge do Ciclo do Ouro, aconteceu um surto musical sem precedentes devido à abundância propiciada pelo ouro e pelos diamantes. Em seguida, foram aparecendo novos instrumentos de metal em substituição ao 'Aboé', à 'Flauta', ao 'Fagote' e à 'Viola'. A família de 'Sax Horns', 'Oficicle', "Trombeta com Pistões" e o 'Trombone de Vara' fazem surgir outro gênero musical, mais popular, a 'Música de Banda', incorporada à vida das comunidades e ao calendário da igreja.
Floresce o Arraial São José da Lagoa
O Arraial de São José da Lagoa começou a ser povoado no início do século 18, quando bandeirantes encontraram ouro de aluvião na barra do Rio do Peixe. Com a evolução da comunidade, as atividades artístico-musicais começaram a acontecer em fins do século XVIII e princípio do XIX, quando as sesmarias já contavam com sólidas casas-sede e capelas e a capela do padroeiro São José ( que hoje é a Matriz) se erguia altiva na paisagem. A igreja era o centro do universo dos arraias plantados a ermos das Minas Gerais e a música considerada indispensável às festas.
Memória Musical: "Banda da Pedra Furada"
A Corporação Musical São Sebastião, que era popularmente conhecida como "Banda da Pedra Furada", foi fundada aproximadamente em 1928, por José Felix Eleutério, o Zezinho, um grande líder e primeiro maestro. Zezinho fora um dos membros da Euterpe Lagoana nos seus primeiros anos de existência, não restando dúvida de que os seus maestros foram Ilídio Cassimiro Costa e Otaviano Augusto Costa. A "Banda da Pedra Furada" era constituída, na sua grande maioria, de garimpeiros e lavradores. Extinguiu-se pouco depois da morte do seu fundador, em 1939.
Memória Musical: "Banda Flor"
A Banda Flor de São José que era popularmente conhecida como Banda Flor, certamente deveria denominar-se Sociedade ou Corporação Musical Flor de São José. Nos seu últimos anos de existência era composta quase que exclusivamente pro sapateiros, que trabalharam para o Sr. Oscar de Araújo próspero comerciante estabelecido nesta praça e um dos influentes chefes da polícia local.A origem dessa Corporação Musical ainda não foi levantada, mas entre as três bandas mencionadas trata-se da mais antiga.
Corporação Musical Euterpe Lagoana
A constituição da Banda foi uma Iniciativa do mestre Ilídio Cassimiro Costa, que congregou em torno dessa idéia, além dos três filhos (Ilídio Clementino Costa, Otaviano Augusto Costa, João Serapião Costa), jovens músicos, para uma aprendizagem minuciosa e uma disciplina rígida. Sob a regência de seu filho Otaviano Augusto Costa, arte em que este se notabilizou, surgindo daí a Corporação Musical Euterpe Lagoana, banda e coro de vozes mistas. Tomando por base a tradição oral, a Corporação teria sido fundada em 1917 e estaria completando, em 2008, 91anos. No entanto, o primeiro documento público que se refere à Euterpe Lagoana data de 17 de agosto de 1919, portanto, oficialmente, ela teria 88 anos.
Corporação Musical Euterpe Lagoana, 1948
Em 1932, se deu a sua primeira participação nas apresentações da banda em animados bailes de carnaval, no 'Elite do Clube'. Depois do Elite passou a se chamar Automóvel Clube. A sede era no prédio onde funcionou a Farmácia Barros. As músicas de maior sucesso eram: "Seu cabelo não nega Mulata", "Meu consolo é você", "Salve o carnaval do Brasil, etc. Nas festas religiosas a banda estava sempre presente, tocando gratuitamente nas comemorações do Padroeiro São José e na festa de Corpus Christi . Para participar dos demais eventos, a banda recebia dois contos de réis.
Após um período de decadência, a Sociedade Musical Euterpe Lagoana se reestrutura novamente, em 08 de outubro de 1937, sendo esta a razão de esta ser mencionada no estatuto como a de sua fundação.
Em 24 de maio de 1961, em Assembléia, foi aprovada a reformulação do estatuto e a mudança de sua denominação: Sociedade Musical Euterpe Lagoana para Corporação Musical Euterpe Lagoana, recuperando assim a sua denominação primeira.
Euterpe Lagoana no Século XXI
É constituída atualmente por cerca de 30 componentes, entre homens e mulheres. A faixa etária é bem diferenciada. Todos os músicos são voluntários e têm três ou mais ensaios por mês.Tendo uma média de 60 apresentações por ano na cidade e em outras regiões.
A Corporação Musical Euterpe Lagoana utiliza instrumentos variados: sax tenor, trombone de vara, sax alto, bombardão, clarinete, bombardino, trompete, trombone de pisto, barítono, requinta, sax horns.
Fazem parte do repertório da Banda, música popular brasileira, hinos, música internacional, regional, religiosa, dobrados e marchas. Executa também músicas do “Repertório de Ouro das Bandas de Música do Brasil” editado pela FUNARTE. Possui também arranjos próprios e composições de componentes da Banda.
Tendo presença ativa junto à comunidade, ao longo de seus 70 anos de existência, tem como objetivo, disseminar a arte musical, através da execução de melodias que embelezam de maneira especial os eventos culturais (datas cívicas, religiosas, populares, retretas e outros), contribuindo como enriquecedor elemento cultural.
A Corporação Musical Euterpe Lagoana possui alunos em formação e treinamento na própria sede. Alunos com uma faixa etária diversificada, em sua maioria estudantes.
Festa de São José da Lagoa
Procissão de São José da Lagoa. Foto: Albany Jr. Dias
19 de março – data da fundação do Arraial de São José da Lagoa, hoje Nova Era . O aniversário da cidade é comemorado neste dia. As festividades ganharam, além do expressivo caráter religioso conotações esportivas e culturais. A Festa inicia com a Novena em Honra ao Padroeiro São José no dia 10 de março. Durante todos os dias no Largo da Matriz São José podemos encontrar o tradicional Pastel de São José e comidas típicas nas barraquinhas e apresentações culturais de artistas da cidade e da região. A Festa tem sua culminância no dia 19 de março, com espetáculo pirotécnico e shows.
Carnaval Folia Geral - Avenida Copacabana
Carnaval
É uma festa tradicional em nossa cidade, que visa manter as tradições culturais, proporcionando entretenimento e alegria para toda a comunidade novaerense. Em Nova Era o Carnaval acontece em dois circuitos.
O Circuito Avenida Copacabana - acontece durante todos os dias, a partir das 21h. Com apresentações de bandas variadas, uma mega infra-estrutura: palco, telões, Praça de Alimentação, Banheiros Químicos, área de lazer para o público infantil, decoração e segurança, proporcionando para a comunidade e seus visitantes um evento de alto padrão de qualidade.
Circuito da Rua Governador Valadares , O Carnaval MPB - é realizado de sábado a terça-feira a partir das 15hs. Com a participação as Bandinha dos Farrapos, o Bloco Caricato Boca de Gole, shows de pop rock e samba de raiz.
por Comunicação PMNE